Sobre o Procissão do Pé Sujo

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar

Taí um lugar que eu nunca vi, nem comi, só ouço falar: Praça São Salvador. A maioria dos caminhos que faço pela cidade implicam em passar pelo Catete/Largo do Machado mas, pelo menos pra mim, é como São Conrado: bairro de passagem e só. Não conheço muita coisa de fato, nem mesmo sei o que é mais convidativo por lá - exceto a praça, que volta e meia ouço falar (e eu juro que não estou tentando rimar... ops!).
Aproveitei, então, a desculpa perfeita que o blog me traz para conhecer o lugar e me aventurei num dos botecos da redondeza. Como o nome já diz, é uma praça que, para ser uma que se preze, deve ser como uma ilha: cercada de bares por todos os lados. Com a ajuda do meu amigo Rafael aka conhecedor-profissional-dos-botecos-do-Rio-de-Janeiro, acabei parando em um, segundo ele, famoso por ali. Tanto que disse: "Tomara que tenha mesa" - aquela velha história do pobre carioca infeliz sem espaço para ser bebum. Mas tinha:


Espero que dê para ler, mas, caso não dê: Bar do Seu Dodô. Como podem ver, não está "vaziozinho". Está completamente às moscas. Não sei se justifica, mas era uma segunda feira e na tv - sintonizada na Globo - víamos a repercussão das eleições na Venezuela. Sintam toda a vibe boteco-com-cascos-empilhados:


O ambiente é ok, por mais que me incomode um pouco com tão poucas mesas no local. Não sei vocês, mas tô acostumada com aqueles bares um do ladinho do outro, com tantas mesas que a gente nem sabe mais qual é de qual estabelecimento, além de sempre caber mais uma, a ponto de ficarmos aflitos na hora de ir no banheiro porque simplesmente não há passagem. Mas certamente é uma opção menos barulhenta, até por ser um tantinho mais afastada da praça. Geralmente, na São Salvador, sempre tem muita gente jovem reunida (valeu, Elis) com música, voz alta e tudo o mais.
Mas na verdade, na verdade mesmo, eu queria puxar um detalhe da foto:


Por mais que o colorido daqueles cascos dispersem a visão, esse cartaz grita aos olhos. Principalmente depois de umas 4 garrafas de cerveja, quando já tá dando aquela fome voraz e você se sente plenamente capaz de comer um boi qualquer. Pedi o tal "croquete holandês", e de calabresa, só pra tornar tudo melhor. E eles chegaram:


 Bom, vamos às considerações: primeiro de tudo, como está escrito na foto, só se aceita cartão no débito. Isso é bem chato pra quem é pobrinho no final do mês. E todo mundo sabe que é no final do mês que a tensão é maior e a vontade de parar em um bar também. Eu sempre pago comida/bebida não no débito nem no crédito, mas no Ticket Restaurante. Lá, eles também não aceitam. Logo, é basicamente um lugar que eu não frequentaria, porque chega a dar uma dor no coração. São seis croquetes. Duas pessoas na mesa. Três croquetes pra cada uma. Dá pra enganar o estômago por um tempinho, afinal, são apenas petiscos (apesar do Boteco do Seu Dodô dispor de um cardápio de pratos quentes). Outra coisa legal é que eles vieram bem sequinhos; dá pra notar que não tem mancha de gordura logo abaixo deles. Tudo bem, os caras podem simplesmente ter deixado jorrar óleo num papel qualquer e depois terem colocado nesse daí, mas sejamos sinceros: pelo menos eles se preocuparam em fazer isso. O molho, sinceramente, eu nem senti. No fim das contas, era só ok mesmo (e gostaria de atentar novamente para o fato: era de ca-la-bre-sa. E mesmo assim foi só ok). Aquele cartaz foi meio enganador.
Por último, mas não menos importante, vamos ao sentido disso tudo:


Cerveja popular no preço normal, cerveja um pouco mais refinada apenas um real a mais. Achei justo. Vinha sempre geladinha na medida certa e o atendimento foi bacana, sem excessos (o "sem excessos", na minha opinião, é uma coisa ruim. Gosto daquele garçom que se sente meio intímo - sem fazer o chato, claro, mas aí é questão de gosto, que é igual aquilo que cada um tem o seu). O banheiro é meio sujinho, te dá aquela sensação de se policiar para não tocar/esbarrar em nada, o que não é lá uma grande novidade.
No mais, aventurem-se na São Salvador (caso optem pelo Boteco do Seu Dodô, no número 83) mas evitem às segundas-feiras!

Um comentário:

  1. espetacular, muito bom e o qui brasileiro mais gosta e de boteco, ai o cidadão esquece dos problemas cotidiano dessa vida corrida.

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